Uma das muitas aulas de Análise Matemática...
Os mesmos exercícios do costume, a barulheira habitual e para variar uma professora que deixava algo a desejar.
Eu cá já tinha acabado de resolver o exercício proposto, a minha colega também... resolvemos então dar à nossa criatividade e começar a desenhar num pedaço de papel. Tudo começou com um pequeno rectângulo a servir de tronco e duas linhas paralelas oblíquas, uma de cada lado, tentando representar os braços! É então que olhamos melhor para a nossa professora, que estava bem em frente a nós tentando explicar (diga-se sem grande sucesso) alguma dúvida que havia surgido entretanto... o nosso desenho começava a parecer-se com a senhora.
Quando a inspiração surge, não devemos contrariar e continuámos então a completar e acrescentar pormenores, agora que já sabíamos onde a nossa criação nos ia levar!
Mais duas enormes linhas verticais paralelas, correspondentes ao alongado pescoço que sustentava uma cabeça com cabelos até aos ombros, umas pernas e o nossa caricatura estava a ganhar cada vez mais forma. Mas, faltava enriquecer ainda mais a nossa obra com os pequenos grandes pormenores e que faziam com que não se confundisse este professor com um qualquer ou desta cadeira tão interessante e motivadora. Camisola ás riscas, apagador na mão e quando íamos finalizar com o aparelho nos dentes, ouvimos uma voz irritada, talvez por não conseguir acalmar a audiência que continuava a produzir um ruído de fundo considerável, dizendo e passo a citar:
" - Vocês os dois! Mostrem lá esse papel.
Deu uns passos atrás, levantou o pedaço de papel bem em frente aos seus olhos e continuou...
Muito bem! A fazerem uma caricatura minha..."
Ao que eu respondi:
" - Não a estávamos a desenhar a si! Simplesmente já tínhamos resolvido o exercício há imenso tempo e agora em silêncio estávamos a desenhar, mas não a si!"
Guardou o papel em cima da secretária e continuou a aula. No final da mesma, resolvemos dirigir-nos à professora já que no fim disto tudo ela tinha ficado com a nossa obra d'arte e nós queríamos reavê-la! Foi quando a professora voltou a insistir:
" - Vocês têm jeito para o desenho! Até estou parecida."
Um pequeno reparo...
" - Mas não é a professora que está nesse desenho!"
Exclamei eu!
" - Vá lá, digam a verdade. Até tenho um apagador na mão e uma camisola de gola alta."
Correcção...
" - ´Não é um apagador, mas sim um telemóvel e não é camisola de gola alta, é mesmo um pescoço! E já agora professora, nós não estávamos com falta de atenção. Já tínhamos resolvido o problema e não estávamos a incomodar ninguém. Ao contrário do resto dos alunos que estavam a fazer muito barulho. Nós somos assíduos e chegamos sempre a horas, portanto não temos falta de interesse!"
Com toda esta argumentação, fiquei com a sensação que a senhora começou a sentir um pouco de remorsos e mais um pouco de conversa e já nos estaria a pedir desculpas...
Ah! Mas o que nós queríamos mesmo era o nosso desenho de volta e por isso mesmo a minha colega fez questão de lembrar a professora, que ele era nosso!
Por isso professora, se por algum acaso estiver a ler este post, fica aqui a confissão de que era mesmo você quem estava naquele desenho! Afinal de contas de tão fiel que estava não havia como esconder não é?