Numa altura em que muito se fala sobre começarmos a usar, ou não, máscaras de protecção contra a gripe H1N1, eu deixo aqui um outro tema de discussão... Será que não devemos nós, utilizadores de transportes públicos, começar a usar um capacete contra unhas voadoras?
Não é que o tema do corta unhas me seja particularmente querido, para voltar a falar sobre ele. Confesso que gosto de cortar as minhas unhas e dá-me um certo prazer a arte de tirar aqueles cantos que me começam a magoar os dedinhos dos pés. No entanto, este é um ritual que eu insisto em manter privado não sujeitando ninguém a ter de levar com as minhas unhas voadoras. Voadoras e saltitonas. Algumas são dotadas de ambas as capacidades...
A verdade é que, depois de já ter lido e ouvido sobre algumas experiências vividas, eu próprio já ter presenciado situações em que penso nada mais me irá surpreender, eis que fazem o favor de me reavivar a memória e fazer saber que existem pessoas bem limitadas(zinhas).
Com o seu óculo de ver a caminho da ponta do nariz, esta "senhora" de meia idade, pedindo licença, sentou-se ao meu lado para partilhar a viagem de cerca de 20 minutos até ao TagusPark! Eu por acaso até prefiro ir sozinho. De entre várias razões eu escolho a de que os espaços entre bancos foram pensados com base na média de alturas das pessoas de há coisa de 30 anos atrás.
A determinada altura apercebi-me que esta personagem, olhando para um dos seus dedos soltou um gemido de dor. Baixinho, suavezinho, mas um gemido de dor.
Uma daquelas peles ao canto do dedo, que doem que se farta… pensei eu. Segundos depois a dita “senhora” saca da sua arma lapidadora e começa a cortar a unha que estava em excesso! Qual pele qual quê? Cavilha rija, para aí dos seus 50 e tal anos de idade! Aquilo é que foi vê-las a saírem disparadas contra o vidro do autocarro, em direcção ao senhor e bancos da frente.
Perante tal espectáculo, fixei meu olhar incrédulo e esbocei um sorriso irónico, não obtendo mais do que a sua indiferença. Continuou como se nada fosse, perante mais um ou dois olhares de espanto…
Realmente as pessoas insistem em não saber onde termina a sua liberdade e começa a dos outros. Em não saber distinguir que estar à vontade não é à vontadinha e que para sermos respeitados temos de nos dar ao respeito.
Por esta altura a senhora lá continua a sua vidinha, impávida e serena como se fosse a única à face da terra…
Os restos mortais das unhas, esses com toda a certeza irão a apanhar o 112 durante mais algum tempo. Talvez nos voltemos a encontrar um destes dias!
P.S.: Só tenho pena de não ter havido reacção ao meu olhar indiscreto. Gostava de lhe ter chamado “BARDAJONA”!
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