Para aproveitar da melhor maneira o que ainda restava do Verão de S. Martinho, Xamakita e eu fomos matar saudades da praia, que por esta altura acolhe apenas aqueles que não vêem este espaço privilegiado como sazonal!
Apenas se ouvia o som dos nossos passos na areia... e o mar , esse estava calmo, ainda assim havia quem aproveitasse para apanhar umas ondas e os mais ousados, por sinal de origem britânica , apenas de fatos de banho improvisados (boxers, cuecas e soutiens) se banhavam naquelas águas que de quente não tinham muito.
Enquanto caminhávamos, reparei numa pequena estrela-do-mar que tinha sido trazido pela maré e que por ali tinha ficado! Entre conchas e algas, distinguia-se de tudo o resto...
Mais uns metros percorridos e mais uma pequena estrela-do-mar... pensei ser uma coincidência, mas mais uns passos e repetiam-se ás dezenas, todas sem vida!!
Terá sido um "Estrelocídio"??
Depois do nosso passeio à beira mar e de um merecido lanche, aproveitámos o resto da tarde para ir ver a tão badalada Árvore de Natal bem como as restantes iluminações de Natal da Margem Sul! Era suposto a cidade iluminar-se a partir das 17h30. E assim foi.. aos poucos as luzes foram-se acendendo! No entanto, apenas meia hora depois, já com muita gentinha a desesperar devido à demora, se acendeu a Árvore de Natal com cerca de 30 metros de altura!!
Nunca pensei que se juntasse tanta gente para ver a árvore, ainda por cima porque a inauguração tinha sido no dia anterior. Mas o mais engraçado foi ver o pessoal todo a soltar um valente "AWWWWWWWWWWWWWW! "e a baterem palmas quando as luzes se acenderam!
Esta Árvore tem uma particularidade, que é a de podermos atravessar pelo seu interior, onde ao que parece neva de meia em meia hora... e a vista é esta...
Ao longo das ruas podemos ver...
e ainda...
Estávamos a precisar de uma tarde assim bem passada...
Praia…16h45.
Enquanto, que para alguns a tarde era de descanso, e para aproveitar o sol intenso que se fazia sentir, para outros a tarde de trabalho estava a começar. Na areia, começavam as movimentações do tractores para rebocarem os barcos até à beira mar… Por esta altura, já, os veraneantes se começavam a aproximar dos tractores que aguardam a volta do barco que havia acabado de entrar no mar, para cumprir a sua faina diária. Lá ao longe, fora do alcance dos olhares mais entusiastas, que eram cada vez mais, as redes eram largadas e a embarcação iniciava a sua viagem de regresso a terra. Em volta dos tractores, as pessoas iam formando um semi-circulo, aguardando a chegada do barco para se dar assim, inicio à recolha das redes. No horizonte ainda nem se avistavam as bóias de sinalização das redes, mas as pessoas esperavam de forma convicta pela sua chegada, como se estas tivessem sido deixadas ali a meia dúzia de metros da costa!Deitado na toalha presencio a chegada, a passo largo, de cada vez mais curiosos com a mão na testa e com os olhos semi-cerrados para que lhes seja possível olhar para o mar, tentando vislumbrar algo. Mas, tudo o que vêem é um fenómeno natural causado pelo calor, muitas vezes, erroneamente, confundido com uma onda gigante, para a qual bastaria correr até à duna mais alta para que se escapassem dos seus efeitos devastadores. Ao ver isto, achei que o melhor mesmo era deitar a cabeça na toalha e voltar a adormecer mais um pouco… O tempo passava e, quarenta e cinco minutos depois, continuávamos a contar com a presença de todos aqueles que ocuparam de imediato a primeira fila, como se de um concerto dos U2 se tratasse, e ainda, com mais do quíntuplo das pessoas que inicialmente se chegaram à beira mar, claro ainda com a mão na testa a servir de pala de chapéu! Naturalmente, as redes ainda não tinham chegado, o que só veio a acontecer precisamente uma hora depois do primeiro ajuntamento. À volta dos pescadores, a agitação era imensa. Os mais pequenos soltavam gritos estridentes enquanto que os mais velhos se atropelavam para conseguir um lugar com melhor visão. Tinha chegado, finalmente, a tão ansiada hora de poder ver os peixinhos a saltarem em terra seca e a largarem escamas por cima de todos os que por ali se encontram. Pouca sorte… as redes vinham cheias de alforrecas, animal facilmente confundido com tubarões por parte dos mais distraídos, que todos os anos por esta altura dão à costa. Costuma dizer-se que tudo o que vem à rede é peixe, mas neste caso o ditado popular não se aplica, a não ser que infiltrado na multidão, que apreciava aquele espectáculo, se encontrasse algum dono de um restaurante de comida tradicional Tailandesa, disposto a fazer negócio. Foi ver os pescadores, agarrar naqueles animais gosmentos e gelatinosos atirando-os para a areia. Eram dezenas delas, num enorme amontoado. Os peixes, nem vê-los. E os poucos que haviam sido pescados, eram alvo das mãos alheias daqueles que já vinham munidos de sacos de plástico. Enquanto isso, ouviam-se os pescadores a dizer, em tom visivelmente irritado, para estes não os apanharem. O pouco peixe pescado e que tinha resistido aos larápios, iria então ser vendido, aqueles que ali se deslocaram com a finalidade comprar o seu jantar… Depois disso, todos começaram a dispersar, ficando na areia a imagem de um dia de trabalho.
Este é um ritual, repetido diariamente, por muitas das mesmas pessoas que ali se encontram. Será impressão minha ou já era altura de terem percebido que era escusado estarem durante cerca de uma hora com as mãos na cabeça a tentar ver alguma coisa?